
PRÓLOGO
Nunca pensei que chegaria tão longe por um colega de elenco. Na verdade, sempre esperei que minhas relações fossem sempre profissionais com outros atores.
Agora, rodeada de repórteres, tinha que responder suas questões a respeito da minha vida pessoal como se tudo que eu sentia fosse nada, me escondendo atrás de meus óculos escuros.
Não que isso fosse um grande desafio para mim. Eu estava acostumada a fingir ser quem eu não era. O problema é que se tratava de algo que eu estava lutando para esconder havia um bom tempo. E, bem, acabaram descobrindo.
Era hora de respirar fundo, usar o meu dom e começar a mentir.
CAPÍTULO I
Como uma boa atriz eu tinha a obrigação de estar apresentável. Essa era uma das frases que minha mãe dizia vez após vez. Eu, simplesmente, odiava ouvir isso.
Comecei a atuar com quatro anos, num filme que contava a história de uma garotinha órfã adotada por um casal de psicopatas. Um pouco pesado pra uma criança de quatro anos, mas eu cumpri bem o meu papel.
Desde então, eu demorei a ter paz novamente. Fomos morar em Los Angeles e, fazendo um filme após outro, o que eu mais queria eram férias. Eu estava rodeada de patricinhas que só se importavam com seus cabelos, bolsas e roupas de grife. Mais do que cansada, eu conversei com minha mãe e meu agente e pedi um intervalo. Mas uma proposta tentadora me pegou de surpresa.
O celular tocou:
- Jenna, eu sei que você está de férias, mas... – Era Frank, meu agente.
- Frank, eu sinto muito – eu me esquivei.
- Jenna, você não vai se arrepender, eu prometo.
- Sim, diga – já me arrependi por falar essas duas palavras.
- Se você aceitar a proposta, você vai trabalhar com alguém que está um sucesso atualmente. Taylor Lautner. Taylor Lautner, Jenna! – Ele gritava no telefone.
- Sim, mas, quem é Taylor Lautner mesmo? – Eu perguntei, desinteressada. Aquele nome me era familiar...
- Como você me pergunta isso Jenna??? Você REALMENTE não sabe quem é ele?
- Não tenho certeza – Não, eu não lembrava. O espírito gay de Frank me irritava às vezes.
- Ok. Ele foi o Jacob de Crepúsculo.
- Crepúsculo!? – O rosto do mais cobiçado do momento, Robert Pattinson, passou por minha mente. – Ele fez o... JACOB?? – Era o meu personagem favorito na saga de Stephenie Meyer, mas eu não estava tão ligada assim nos filmes. Ainda não conseguia lembrar.
- Sim querida! Eu disse que você iria analisar a proposta por que, sendo uma adolescente normal, você adoraria essa chance.
- Mas qual a história do filme mesmo? – eu sabia que, se ele tivesse oportunidade, ele daria um jeito de saber a história antes de mim
- Dessa vez eu não me adiantei, mas você deve gostar do papel. Já soube que é par romântico do Lautner.
- Está bem, conversamos depois. Vou pensar no assunto.
Fiquei tentando me lembrar de onde eu conhecia esse nome. Taylor Lautner, Taylor Lautner... repassei o nome várias vezes na mente até me lembrar de algo potencialmente importante: Dakota tinha filmado Lua Nova recentemente. Então ela conhecia esse cara. Isso, ela já tinha falado sobre ele. Ele não era aquele cara que tinha ficado super bombado pra fazer papel de Jacob? O que engordou 15 quilos? Sim, eu sabia quem era! Humm, ele era bem gatinho, parecia gente fina. Eu podia aceitar a proposta. É, eu ia aceitar.
Eu corri para ligar para Dakota, que era uma das minhas melhores amigas. Pra nós, amigos, simplesmente Hannah. Ela esteve ocupada esses tempos, se preparando pra as filmagens de Eclipse. Nunca mais tínhamos nos falado.
Eu e Hannah havíamos nos conhecido uns três anos atrás, na cerimônia do Oscar. Dakota era uma excelente atriz, estava sempre sendo indicada. Além disso, nessa época ela já fazia parte da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas dos Estados Unidos. Ou seja, ele votava nos candidatos ao Oscar, tinha que estar lá.
Já eu não era tão reconhecida, famosa ou qualquer outra coisa assim tão boa. Um dos filmes que eu tinha trabalhado como coadjuvante era indicado para melhor trilha sonora e, bem, eu fazia parte do elenco, não havia nada de errado em estar lá. Nós nos falamos rapidamente nos bastidores e depois nos vimos em outros lugares e acabamos nos conhecendo melhor. Nós viramos grandes amigas. Era algo como “eu te conheço desde o tempo em que você usava aparelho” ou “eu sei que você usa lentes de contato”. Não perdíamos contato, mesmo que às vezes ela parecesse tão mais velha que eu.
- Alô? – Ela atendeu, com um tom um pouco indiferente.
- Hannah? – Eu disse
- Jenna? É você? – ela perguntou. Não nos falávamos havia um tempo, mais exatamente desde a gravação de The Runaways.
- Sim, sou eu Hannah, como você está?
- Estou ótima. Mas que surpresa você me ligar! Melhor ainda é me encontrar disponível! É tão bom ouvir sua voz.
- É, eu sei disso. – eu dei um risinho.
- Eu e a Kristen demos uma pausa aqui nas gravações e saímos pra comer algo. E como você está?
- Eu estou bem também. Tenho novidades. – “Jenna, eu te amo!” ouvi uma voz estranha no fundo. Sabendo meu nome, só podia ser KStew. Afinal, era ela que estava acompanhando Hannah. “Espera aí Kris” ouvi Dakota falar, rindo em seguida.
- Pode dizer, estou ouvindo – ela disse.
- Vou fazer um filme novo aí, com um dos seus colegas de elenco, Taylor Lautner. – tentei parecer não me importar muito.
- Sério? Que legal! – “O que é legal?” a voz sonolenta perguntou de novo. “Ela vai fazer um filme com o Tay”, Dakota respondeu. “Eu já fiz dois!” a voz esquisita continuou. – Taylor é um bom colega de elenco – completou Dakota.
- Espero que sim. E as gravações de Eclipse?
- Bem, faltam só algumas cenas, que eu apareço. Só mais duas ou três cenas pra ser liberada. São daquela parte com a Bree.
- Sim, sei. Vou desligar Dakota. Um beijo. Estou morrendo de saudades. Quando tiver um tempo, me liga!
- Um beijo Jenna. Tchauzinho. - “Tchau Jenna!” ouvi Kristen dizer, mas desliguei o celular.
Sinceramente, eu não ia com a cara daquela Kristen Stewart. Ela tinha um jeito tão “sou uma garota drogada e rebelde” que me dava repulsa. E, qual era a dela com “Ah, eu já fiz dois!”? Como se eu estivesse disputando quem teria feito mais filmes com o tal Taylor Lautner. Eu nem conhecia ele! Mas, realmente, essa não era uma coisa com a qual eu devesse gastar meus preciosos neurônios. Tinha algo mais importante pra fazer. Separei minhas coisas e desci as escadas, precisava ir para a escola.
